Durante a minha adolescência, conheci a Literatura quando surgiu uma biblioteca do lado de casa. Eu nem sabia o que era, porque ainda estavam montando e dando a cara de um espaço cultural. As pessoas que lá estavam me fascinavam. Eram poetas, poetisas, escritores dos mais variados gêneros. E foi aí que encontrei o meu lugar para expressar meus sentimentos.
Anos depois, me formei em Licenciatura em Letras Português-Inglês. Comecei a lecionar (algo que jamais imaginava) e parei de escrever. Não pela profissão, mas pelo trauma. Demorou anos para compreender isso. Demorou para olhar. Demorou para reconhecer.
Esse é meu primeiro texto aqui, mas quero continuar meu caminho nas letras, palavras e todo símbolo possível que expresse uma comunicação. Eu já decidi e agora não tem mais volta. Daqui pra frente será assim. Assim eu entrego, confio e aceito. Assim eu me reconcilio comigo e com as letras.
Demorei para entender que o trauma gerado por um texto que redige pudesse me afetar a ponto de parar de escrever. Em resumo, após uma publicação de um conto que escrevi, alguns entes familiares (especialmente meu pai) tiveram uma interpretação radical do que leram. Aí já sabe, né? Foi aquela confusão, ataques de familiares. Sem perceber, tomei o medo e guardei os dedos quando via caneta ou teclado. Eu tinha 16 anos.
Nove anos depois, estou aqui contando esse episódio de forma resumida. Não dá pra chegar com tudo. Tô respeitando meu tempo e espaço. Espero, de verdade, que meus textos consigam chegar nas pessoas que realmente precisam ler o que tenho a escrever. Não busco multidão, mas quero sim leitores. E quero me interagir com eles também. Espero que você, que me lê agora, possa compreender este texto e refletir sobre o efeito dos traumas gerados ao decorrer do nosso caminhar. Que você possa olhá-los sem medo e acolhe-los. Foi assim que precisei fazer. Levou nove anos para eu escrever sobre o meu trauma e publicar em uma rede social que comecei a usar.
Desejo que você me examine quando me ler. Que me critique, que me faça perguntas. Isso me ajudará a (re)pensar se estou no caminho certo também. Eu voltei e não quero mais largar o que amo fazer.
Texto postado no Medium.A
-Matheus Pensador
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