O depressor.

Seu Gonçalves ia ao culto todo domingo. Participava dos grupos de orações e era devoto, de fé inabalável. Sua esposa sofria com depressão. Nos encontros de fé, Seu Gonçalves pedia pela lembrança da vida de sua esposa, dizia estar entristecida nos últimos tempos. Chorava por qualquer coisa. O pastor, certo dia, fez uma visita na casa do fiel para orar pela vida entristecida. “Que o espírito de depressão saía desse corpo, orichacundabalaia,” dizia o sujeito de fé. Os irmãos oravam. A vida entristecida não tinha religião, nem ia aos cultos de domingo. Não questionava Deus, mas temia o Homem. Não falava muito, pois os lábios cortados ardiam ao simples salivar. Diziam, no grupo de oração do Seu Gonçalves, que ela precisava se converter e aceitar o Salvador, porque aquilo era obra do coisa-ruim. Quem era o Salvador que seria capaz de tirar o silêncio do coração dessa mulher e dizer a Verdade? Ele era o “Caminho, a Verdade e a Vida”. Jurema não teve tempo de se converter. Morreu de tristeza. Não contou a ninguém que o fiel da fé inabalável, espancava-a todos os dias. Desejava estudar. Sonhava ser Professora. Jurema, hoje, contou a Verdade ao Salvador, mas este, não salvou-a-da-dor.

Matheus P.

São Bernardo do Campo, Novembro de 2019.

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