Seu passado é um espinho cravado na carne.
Tirou-me a paz interior.
Arrancou minha identidade,
Fez depositar juros e juras
Todavia não fora o suficiente.
O que será que devo fazer?
Eu, sozinho neste barco, sem remo
Sem água, sem ar?
Onde se foi o oásis de mim?
Terra seca e solo rachado,
Tempo seco, mais árido que árvore da canela.
Perdido estou por não reconhecer mais.
Resta-me apenas o silêncio do silêncio.
Resta-me apenas a exclusão do não Eu.
A verdade pairada na mente
Sumiu, caiu sobre os pés quando Platão apareceu.
Não mais sóbrio, não mais sólido.
És líquido que esvai pelos dedos da alma
Soa, transpira, mas não exala.
Sumiu de mim a identidade,
Triste infelicidade, pobre corpo podre,
Carcaça ambulante sem cores, sem cheiro.
Torna-se orquídea, hoje.
Mas ontem, seus cravos cravados naquele pedaço de carne
Espetou o mais fundo oceano da sensação
Destruiu.
Outono de 2017.
São Bernardo do Campo/Sp. Matheus Pensador.