Eu narro, você comenta e nós nos textos.

Não sei se é mania de escritor/poeta, mas quando as emoções estão a tona, a dificuldade para discorrer algum assunto é dantesca por vários motivos, um deles é não saber por onde começar e qual finalidade escrever sobre. Outro motivo é racionalizar as emoções. Quantas vezes nos confundimos ao pensar que a poesia é pura emoção, sendo que a obra foi lapidada com a lógica, com a razão e esforço intelectual, não deixando de lado o emocional fluir?

Desde que conheci a Literatura brasileira, a poesia da periferia, dos poetas surrados pela árdua vivência em sociedade, fiquei fascinado pela descoberta, pois me identificava com eles também. Enxergava nos textos que a escrita era um “ato revolucionário”, como dizia Paulo Freire. E de fato é. Revolucionou tanto que me encorajou a elaborar este blog.

Ouvi de muitas pessoas, a qual cultivam a arte da escrita e leitura, que o processo para desenvolvermos  um texto requer leitura de diversos gêneros, estilos e linguagens para que possamos ter uma amplitude sobre a escrita e, sobretudo, o que é possível fazer com ela. Mas, além de todo o esforço intelectual, existe um detalhe de extrema importância: a vivência. A clareza, o sabor e o sentir nos textos, surgem com as experiências, sejam elas nos aspectos mais simples ao mais complexo. Experimentar é sair do palco e entrar em cena, buscar compreender o script e escrever novas histórias. É sair da escuridão e ir para a luz no mundo das ideias e no mundo real.

Não é difícil encontrar escritores que tenham vivido por situações complexas e, ao mesmo tempo, comprometer-se com a arte da escrita, sua obra literária, usando a arte para transformar a própria vida. Um exemplo marcante é a escritora Carolina Maria de Jesus, um marco do século XX. Sua vida era de extrema dificuldade, vivia numa periferia de São Paulo com uma série de eventos de superação, inclusive o catar papel e papelão para sobreviver. Sua literatura representava vidas de muitos suburbanos. Em um diário ela registrava tudo o que sentia. Tinha razões para escrever “Não tenho forças físicas, mas as minhas palavras ferem.” (Jesus, Carolina de. Quarto de Despejo, um diário de uma favelada). É notável que suas experiências foram transcritas ao papel, por ela mesmo, onde temos o contato com sua intimidade, suas angústias, dores físicas e emocionais são possíveis de sentirmos através da leitura literária.

Através da leitura é possível perceber que existem vários Eu’s dentro de nós. Leitura de mundo amplia nosso horizonte, incitando-nos a sede da visão, não mais externa, mas sim, para com as profundidades do ser humano.

Comentário
Nome
E-mail

Este site utiliza cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossa política de privacidade.

Abrir bate-papo
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?